sábado, 28 de maio de 2011

A Banda Mais Bonita da Cidade... por André Barcinski


Pra variar, cheguei atrasado.

Parece que o Brasil – e o mundo – já cansaram de falar da tal “Oração”.

Meus chapas Forasta (R7) e Álvaro (Folhateen) fizeram textos sobre o fenômeno há cinco dias. Uma eternidade.

Eu tinha decidido não escrever nada sobre o tema. Mas foram tantos os pedidos – juro, recebi uns 20 e-mails – que resolvi arriscar, mesmo sob risco de soar datado ou repetir o que já foi dito.

O que achei de “Oração”?

Olha, sinto desapontar os indies revoltados de plantão, mas a coisa toda não me repeliu, como a muita gente.

A música é fraquinha. Mas não é pior que as criações de Mallu Magalhães, por exemplo.

O vídeo é bem feito, bem filmado, embora não tenha uma idéia original.

Muita gente tem chamado a banda de “infantil”, “ridícula”, e outras coisas piores. Mas eu acho que é quase uma obrigação do jovem ser ridículo. Vai me dizer que você olha uma foto sua adolescente e diz: “Nossa, que pessoa cool e descolada?”. Aos 17 anos, ser ridículo é um dever cívico.

Agora, assistir ao clipe todo foi um parto. Tem umas coisas ali que são verdadeiros obstáculos.

A primeira imagem já é dura de agüentar: um projeto de Caio Blat olhando pela janela, ruminativo, em contraluz, segurando um...  um... um o quê? Que coisa é aquela na mão do cara? Um smartphone? Um marca-passo? Um controle remoto de ar condicionado? Um vibrador?

Poucos segundos depois, aparece um sujeito de chapéu, sentado na cama. Pára tudo! (sei que a nova ortografia pede pra tirar o acento, mas ainda não me adaptei): o último homem com o direito de usar chapéu foi o Humphrey Bogart.

Juro que, da primeira vez que vi o clipe, não consegui assistir até o final. E a culpa não foi da música ou do chapéu do sujeito, mas de um estranho fenômeno psicológico que ocorre comigo, às vezes, e que bloqueia todas minhas funções motoras e mentais: a alegria coletiva.

Eu não agüento alegria coletiva. Me paralisa. Ver grupos de três ou mais pessoas exalando felicidade, por mais paradoxal que pareça, me deprime.

Alguns exemplos:

Jogos de vôlei: parei de jogar vôlei quando descobri que eu precisaria abraçar todos os jogadores do time em todos os pontos.

Festa de firma: a gente já sabe como acaba: com o chefe de gravata na cabeça, dando em cima da estagiária.

Viagens de turismo guiadas: Nada mais deprimente que seguir um guia segurando uma bandeirinha para não se perder do rebanho.

Refeições coletivas em restaurantes: Doze pessoas, doze pratos diferentes, brindes “à amizade”, pessoas tirando máquinas de calcular para somar a sua parte, e os inevitáveis espertalhões que tomam 15 chopes, deixam cinco reais na mesa e precisam sair correndo para “um compromisso”.

Bom, é isso. Espero ter trazido algo de novo e útil à discussão.


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